Complicadissima teiaQuem põe certezas na vida
Facilmente se embaraça
Na vil comédia do amor;
Não vale a pena ter alma
Porque o melhor é andarmos
Mentindo seja a quem for
Gosto de saber que vives,
Elegia do amorO meu amor por ti,
meu bem, minha saudade,
ampliou-se até Deus,
Os astros alcançou.
Beijo o rochedo e a flor,
a noite e a claridade.
São estes, sobre o mundo,
os beijos que te dou.
Estranho fulgorDeu-me Deus bodas vermelhas
E palavras como abelhas
Esquecendo-se de mim.
Deu-me a paz de alguns minutos
E palavras como frutos
Esquecendo-se de mim.
Fado da vendedeiraVendedeira que apregoas
Entre muitas coisas boas
Uma vida de cansaço
Rua abaixo, rua acima
Ligeireza de menina
Com vaidade no teu passo
Hoje fruta, amanhã flores
Fado SagitarioSe foi Deus que quis assim
Nem tu sabes nem eu sei
Mas tenho-te presa a mim
Por tudo o que não te dei
Se eu te desse o que tu queres
Quem sabe se nesse dia
Depois de tu me prenderes
FilosofiasMeu coração, que pranteias?
Não tenhas dó de ninguém...
Não queiras penas alheias,
Que as tuas chegam-te bem!...
Se fosses de gelo feito,
De mármore ou de granito,
Não galopavas aflito
Marcha do Bairro Alto 1995Sou o Bairro Alto
E olho sempre de alto
Prás tristezas que Lisboa tem
Sou o Bairro Alto,
Pronto a dar o salto
Para um tempo novo que aí vem
Todo o bom filho sai
Conforme os pais que tem
QuardasO amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p´ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Sem Deus nem senhorA luz é tão cega
Que nunca se entrega
Só se deixa ver
Numa razão de ser
Sem sequer entender
Os olhos que a vão receber
E o rasto que fica
Ser AqueleSe estou só, quero não estar,
Se não estou, quero estar só,
Enfim, quero sempre estar
Da maneira que não estou.
Ser feliz é ser aquele.
E aquele não é feliz,
Porque pensa dentro dele
Sopra Demais O VentoSopra demais o vento
Para eu poder descansar ...
Há no meu pensamento
Qualquer coisa que vai parar
Talvez esta coisa da alma
Que acha real a vida
Talvez esta coisa calma
Terreiro dos passosAi o calor de Dezembro
Girando à volta das casas
Fazendo festas na noite
De uma lareira apagada
Pasmada de iluminada
Ai a matéria dos sonhos
Sem outra vida que a nossa